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Ensino Doméstico – Mais alguns livros… e blogues!

Feliz 2009 para todos!!!

Votos de um ano cheio de surpresas agradáveis e concretizações de alguns sonhos!

A semana passada contei como nos foi apresentado John Holt. A Natália, na mesma altura, também nos emprestou um livro de Alfie Kohn, “Unconditional Parenting”. Ainda não o li, pois o Pedro é que leu esse enquanto eu lia o “Teach Your Own” de John Holt e Pat Farenga, que já falei no post anterior. Depois devolvemos os livros e ainda não comprei o do Alfie Kohn, mas está na minha lista de livros a comprar. Podem saber mais sobre este autor neste seu site.

Li os outros dois livros de John Holt traduzidos em português que mencionei também no post anterior. E fomos conversando, eu e o Pedro e cimentando a ideia de ir para a frente com a escolaridade do Alexandre em ensino doméstico.

Começámos também a pesquisar na internet sobre o assunto (pesquisando em “ensino doméstico”) e démos com o blogue “Pés Na Relva” do qual também já aqui falei e para o qual também escrevo uns posts, hoje em dia, tendo sido posteriormente convidada por “Vale de Gil”, pois trata-se de um blogue colectivo onde algumas famílias simpatizantes e/ou que praticam o ensino doméstico deixam os seus apontamentos. E também com o blogue “Country Sketches” e com o “Jóia de Família“.

Começámos a perceber que existiam famílias em Portugal a gostar da ideia do ensino doméstico e outras a praticá-lo já.

Como explico na página Projecto, o Pedro deu-me a ideia de escrever um blogue onde pudesse partilhar alguma desta informação, este nosso percurso e deixar uns “apontamentos” sobre o que, concretamente, nos vamos apercebendo na vivência com o Alexandre que até agora não frequentou ainda qualquer infantário, jardim infantil nem pré-primária. Estes “apontamentos” fazem parte do Caderno Verde deste blogue.

E assim, com a ajuda de todos cá de casa, nasceu “A Escola É Bela”, dedicada a todos Vós.

No próximo post continuo com este título “Mais Alguns Livros… e blogues”, pois “apareceram-me” mais uns, quanto a mim muito interessantes, já depois do nascimento da Escola É Bela.

Mil beijinhos! Até dia 11, Lua Cheia.


Caderno Verde

Teoria…

Íamos no IC19, que na altura estava em obras. Oportunidades excelentes para o Alexandre ver máquinas a trabalhar.

Desde bébé que dava sinais de euforia ao ver uma escavadora à beira da estrada (eu pensava que ele tinha visto um cãozinho a passar ou uma coisa assim, só percebi do que se tratava, mais tarde, quando os mesmos sinais de euforia às vezes quando íamos de carro, passaram a ser acompanhados com gestos mais precisos e depois com palavras).

Desta vez havia um “grande camião do cimento” a trabalhar e o Pedro, quiz usar o termo técnico e perguntou-me “Mãe, como é que se chama este camião?”

Entretanto apercebi-me do que estavam a ver (ia pensar em qualquer outra coisa), desci à Terra e recordei o termo técnico, ” Betoneira”, disse.

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E a partir daí desbobinei a informação: “É um Camião Betoneira”, pois também há as outras betoneiras como a “Beta” do “Bob o Construtor”, sabes? Sim, e chamam-se assim, porque misturam o betão, que é o cimento, quer dizer, é cimento misturado com areia e água, é a isso que se chama betão, e eles depois deitam-no para ali para aqueles moldes, para fazer estas peças em betão. Sabes, também há o betão armado, que é assim como este mas tem “ferrinhos ” lá dentro, já viste nos pilares das casas, olha, como ali (e passávamos por um troço inacabado de uma passagem superior para peões com os “ferrinhos à mostra”), sim, mas os pilares das casas, já viste no outro dia, e também fazem vigas com o betão armado, e pontes (pontes interessam-lhe, ele adora pontes!), blá, blá…

Até que ouvi um grito desesperado “Mãe, pára de dizer isso”!

Parei subitamente e olhei para trás, para o Alexandre. Continuou a olhar pela janela e a ver tudo, calado.

Fiquei caladinha, a processar. Até ouvir o Pedro dizer: “Sabes, falaste muito, não é preciso dizer isso tudo…”

“Caí” em mim, “Têm razão, só me perguntaram o termo técnico para o “Grande Camião do Cimento”.”

E mais uma vez me apercebi que continuo “viciada” na teoria, apesar desta, para mim, já resultar da minha prática, e apesar de muito “atabalhoadamente” tentar baseá-la nos seus já adquiridos conhecimentos (com o Bob o Construtor – série de desenhos animados para quem não conhece – e por ele já ter visto obras em curso, pilares, etc). Para ele, naquele momento era teoria, pois a única coisa prática que estava a ver era a betoneira a girar, no meio da estrada.

É isto que se faz nas escolas (por mais imagens que o professor mostre, por mais que o professor seja “bom a explicar”, por mais que ele recorra à memória de outras coisas parecidas que os alunos (alguns e não todos!) já tenham visto, por mais  e melhores métodos que utilize já “testados e comprovados” (noutras crianças e não naquelas ou melhor, em cada uma)), é isto que se faz, pura teoria desassociada da prática, do mundo, da vida. E eu a tentar não fazer o mesmo, mas a fazê-lo de alguma forma.

Ocorreu-me então que, de facto, toda aquela explicação só lhe interessaria, mesmo ele adorando construções, se ele a requisitasse ou se fosse dita na mesma altura em que observava cada um dos processos. Ou melhor, já nem seria preciso a explicação, pois uma acção vale mil palavras, bastava dizer alguns nomes, se ele os quisesse saber.

Como aconteceu no outro dia em que o pai o levou a casa da vizinha, na terra da avó, ver a máquina de esmagar as uvas para fazer vinho, a trabalhar (depois de lhe ter perguntado se ele queria ir ver essa máquina a trabalhar e de ele ter respondido que sim, todo entusiasmado).

Assim que cheguei perto deles (já tinham terminado), contou-me o processo todo, muito bem explicado (aí fui eu que apenas fiquei com uma imagem do acontecimento, e que já se desvaneceu, porque não vi a máquina a trabalhar, embora ele me tenha explicado tudo muito bem…O Alexandre sim, adquiriu ali aquele conhecimento, na prática, sem explicações desassociadas do que estava a observar na altura).

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