E de novo mais uma fase, a 5ª, a Maturidade, da blogagem colectiva Fases da Vida, proposta pela Rute, do Publicar para Partilhar (aqui o link para a participação de hoje da Rute onde também podemos encontrar os links para todas as participações de hoje).
E de novo as minhas dúvidas em como “delimitar” a Maturidade. Conheço pessoas de 50 e tal anos com alto grau de imaturidade e “jovens” de 26 e 30 com a dose de maturidade necessária e suficiente (é uma expressão da Matemática, perdoem-me). Conheço crianças com inacreditáveis rasgos de maturidade. E o que é “ser-se maduro”? Tem alguma coisa a ver com a moralidade e os bons costumes? Com o respeito das regras impostas pela sociedade (um bom aluno, um bom trabalhador, um bom pai/mãe de família, um bom filho, um bom não marginal, o que quer que cada uma destas coisas represente)? Com a idade? Com a “experiência” de vida? Ou terá alguma coisa a ver com responsabilidade? Com ética? Com o assumir-se a si próprio, íntegro, integral, equilibrado, amoroso, autêntico potencial criador, autêntico e construtivo, autêntico concretizador e realizador de sonhos? Ou simplesmente ser-se feliz e fazer os outros felizes? (ver no item A Busca_parte II_ C de onde derivam estas expressões/reflexões).
O.k. Fico-me pela delimitação da maturidade, dos 30 (já que a juventude foi até aos 30 😉 ) aos… 46, portanto, que é a idade que tenho a esta data, o que é esquematicamente mais fácil aqui para esta blogagem.
Nota: este post só poderá ser entendido após a leitura do meu post da fase anterior, a Juventude, desta blogagem colectiva, também para perceber qual a relação entre os temas hoje abordados e os temas que usualmente se abordam neste blog, o que explico nesse post.
Relacionamentos_ parte II_ A
O meu “2º relacionamento conjugal” surgiu no “início desta fase”, uma altura para mim conturbada, como se eu estivesse “em combustão interna”, um caldeirão onde ferviam uma misturada de coisas (sentimentos, inseguranças, busca, sensação de querer “voltar a ser eu própria” seja lá o que isso quisesse dizer) e como tinha colocado a responsabilidade do terminus do meu relacionamento anterior numa má escolha de parceiro da minha parte (ver no post da fase anterior o item Relacionamentos_ parte I), talvez procurasse inconscientemente um outro parceiro que “fosse mais compatível comigo” (ou aquela história da “alma gémea”). Do caldeirão sairia a poção mágica, a mistura alquímica, a pedra filosofal, algo do género…
Desculpem a expressão, “foi pior a emenda que o soneto” (o 2º relacionamento, não a combustão interna)…
Ou seja, bem, deixo a explicação para daqui a pouco, porque só o entendi bem depois e fui muito resistente a entendê-lo, tão enraizados estão em alguns de nós estes conceitos de príncipe encantado, alma gémea, paixão, amor e mais uns quantos, com muita confusão pelo meio.
Primeiro, depois do meu divórcio, tive uma sensação de libertação, de volta a mim própria, encantamento com este 2º parceiro (paixão, até), que se me afigurava um ser “mais livre”, “menos tradicional”. Só que assim que nos começámos a relacionar, de facto, tudo foi muito “desastroso”, nem vou contar os pormenores. Persisti, tentando perceber o que se passava e querendo de facto fazer com que a relação funcionasse. Persisti por 6 anos, até perceber.
A Busca_ parte II_ A
Entretanto, aos 31, quase 32, tinha-se concretizado a tal consulta de astrologia, com a Flávia de Monsaraz, que me fez o meu mapa astrológico individual e o interpretou (Nota: a interpretação da Flávia tem por base a reencarnação, isto é, parte do princípio que a nossa alma “reencarna” sucessivas vezes numa óptica de aprendizagem e evolução. Ela diz praticar uma “astrologia kármica”).
O primeiro balde de água fria para o meu ego: nesta óptica, o meu mapa “diz” que toda a bagagem, até àquela altura, cultural, intelectual, de somar conhecimentos, somar cursos, pensar, raciocionar muito e bem dentro dos padrões de raciocínio, foi fácil de obter por serem talentos adquiridos de outras vidas e que esta agora ainda estava muito aquém do que apontava o meu “eixo do destino” (“Cabeça de Dragão” em Gémeos e na casa XI, muito sinteticamente, comunicar através de um grupo), para além de que, para o cumprir (para chegar ao dharma), tinha que me abrir aos sentimentos, tinha que sentir, sentir, sentir (pensar já não me levaria a lado nenhum) e chegar a uma grande transformação nessa área (Saturno em Peixes e na casa VIII). Por outro lado, como o signo que abre a minha casa XI (onde está a tal “Cabeça de Dragão, no meu mapa) é Touro, regido por Vénus e a “minha Vénus” está em Aquário, dizia-me a Flávia, este grupo não seria um grupo qualquer, mas sim um venusiano, amoroso e com as qualidades aquarianas, de uma mentalidade aquariana, digamos (universalidade, liberdade, de sermos “todos um” (ora que eu já tinha lido o “Um”, de Richard Bach, tinha mais ou menos a ideia do que isso queria dizer 😉 ). E daí que, dadas as características do meu mapa, a Flávia aconselhou-me a frequentar o curso de astrologia facultado no Quíron, Centro Português de Astrologia, por ela fundado. Isto muito sinteticamente, que a consulta está gravada numa cassette e tem a duração de quase uma hora…
E foi assim que em Setembro do ano seguinte eu comecei a frequentar o 1º ano do curso de astrologia do Quíron.
Durante esse ano “estudei essa nova área”, sempre com aquela de fundo do ter que sentir, sentir, mas o quê e como, depois lá percebi que poderia começar por me permitir sentir o que de facto tinha sido para mim o recente falecimento do meu pai numa idade em que ainda estava bem vivaço, aos 61 anos. É que eu sempre coloquei umas barreiras a mim própria para não sentir dor, não ter que lidar com ela, mas só vi isso um pouco mais tarde, noutro “curso”. Não é que tenhamos que passar pela dor, de sofrer, etc., etc., mas, caso passemos, não temos que a mascarar e quantas mais defesas tivermos criado, mais difícil é de voltarmos a descobrir o nosso ser autêntico.
Relacionamentos_ parte II_ B
Enquanto isso, o meu relacionamento conjugal da altura ia “de vento a tempestade”. A comunicação entre nós não se efectivava. A comunhão entre nós, melhor dizendo. Cheguei mesmo a sentir que o meu companheiro estava tão fechado em si próprio e quase que revoltado com o Mundo e a sociedade que a nossa relação era algo um tanto estranha e eu e as minhas filhas “pouco contávamos”…
Um belo dia, recebendo um dos folhetos mensais que o Quíron me enviava com as actividades planeadas para cada mês, verifico que nesse próximo fim-de-semana em que eu iria mais uma vez ficar só em casa (era fim-de-semana das pequenas irem passá-lo com o pai e o meu companheiro lá ia com os seus cães para uma exposição canina, que eu no início tentei acompanhar, mesmo ele preferindo ir sozinho, mas depressa desisti de impor a minha presença) ia acontecer uma palestra (na Sexta à noite) e um workshop (Sábado e Domingo) intitulada “A Arte de Viver em Harmonia”: “Ora aí está o que eu preciso mesmo”, pensei, “vem mesmo a calhar para este “fim-de-semana disponível””. E fui. Das muitas palestras e cursos que aconteciam no Quíron ao fim-de-semana, era a primeira vez que eu iria lá ao fim-de-semana participar numa.
Tratava-se de uma palestra dada pelo Robiyn, acabado de chegar a Portugal, inserida nos seus workshops “Renaski^gi, a Arte de Viver em Harmonia” (expliquei um dia no post “Interligações” aqui neste blog o que significa Renaski^gi e algumas coisas sobre o teor desses workshops). No fim-de-semana aconteceu o workshop relativo ao Nível 1 – “O Seu Despertar para a Consciência”. Isto em Março de 1998, aos meus 33 anos, portanto.
Estão a ver como “A busca” se interpenetrou com os relacionamentos conjugais.
Entretanto, eu já tinha ido consultar uma outra astróloga e professora no Quíron, Paula Champbel, discípula da Flávia, que praticava na altura uma “astrologia psicológica” e que interpretara o meu mapa nessa outra óptica e ainda o mapa conjugado entre o meu e o do meu parceiro (porque eu queria compreender as dificuldades que tínhamos no relacionamento) e ela, depois de dizer várias coisas das características de ambos e da conjugação dos dois, aconselhou-me a ler o livro “Relacionamentos” da astróloga Liz Greene. E eu li.
Foi com esse livro que primeiro tive contacto com a percepção de que nós “fazemos de espelho” uns aos outros e de que, enquanto não encontramos o nosso próprio centro, andamos a projectar-nos (os nossos medos, as nossas ansiedades, as nossas expectativas, as nossas frustrações, os nossos desejos e os nossos sonhos não realizados) nas pessoas com quem nos relacionamos mais intimamente. Ao outro, não o vemos como ele exactamente é, mas como uma personagem criada por nós para responder a determinadas coisas, tais como as que identifiquei em cima, que não estão “resolvidas” “cá dentro” e que nós projectamos. Também acontece projectá-las não só em pessoas, mas em situações. É algo nada fácil de entender, tive bastante trabalho até aceitar e não foi só após ler o livro que percebi, demorou mais uns três, quatro anos, depois já através dos workshops da Arte de Viver em Harmonia, onde “trabalhei” muitas destas coisas, entre outras.
A Busca_ Parte II_B
Muito contente a frequentar o meu primeiro ano de astrologia, ia aprofundando lendo todos os livros que me iam aconselhando.
A minha ideia nunca foi ser astróloga, simplesmente aprofundar esse conhecimento como uma ferramenta de autoconhecimento, na tal busca interna que cedo empreendera.
Existiam, no entanto, pormenores que não me encaixavam e que eu ia “pondo de lado”, talvez um dia chegasse a perceber. Por exemplo, uma coisa que eu sentia não poder ser assim, era quando a Flávia, ao falar das polaridades (Bem e Mal, Alegria e Tristeza e por aí adiante), dizia que os filósofos orientais eram muito pragmáticos: diziam que a dada altura o universo, uno e sem polaridades, um dia cingiu-se e foram criadas as polaridades, simbolizadas pelo yin-yang, porquê não se sabia, era um mistério, mas que assim tinha sido. Sinceramente, nunca me conformei com isso dos mistérios inexplicáveis e pensava apenas “um dia hei-de perceber isso”.
Aconselhada pela Paula Champbel, após a leitura dos “Relacionamentos” da Liz Green, li “A Profecia Celestina” de James Redfield e, mais importante ainda, dissera-me ela, o Guia Experimental da Profecia Celstina, que propõe uma série de exercícios de autodescoberta que me concentrei vivamente a fazer (idem com “A Décima Revelação” do mesmo autor e o respectivo Guia Experimental). Foi nessa altura que eu comecei a perceber um pouco os meus pais e a mudar um pouco a energia que projectava neles e a que “carregava” deles. Quem já fez os exercícios propostos por esses “Guias Experimentais”, perceberá certamente o que quero dizer.
Confesso, andei um bocadinho obcecada com a história da minha “Visão de Nascimento” (explicada n’A Décima Revelaçao) e só desejava lembrar-me o mais urgentemenete possível da “minha Visão de Nascimento”. 🙂
Entretanto, como já contei em cima, surgiu o workshop Nível 1- O seu Despertar para a Consciência, do curso Renaski^gi, A Arte de Viver em Harmonia.
E bem, foi mesmo um despertar. Logo nesse primeiro fim-de-semana tudo se me fez mais claro. Não houve mistérios por explicar.
O que vinha conseguindo entender passo a passo através dos livros e ultimamente através da linguagem simbólica da astrologia teve um crescimento exponencial com estes workshops, pois foram vivências práticas, a acompanhar as explicações, que melhor me fizeram perceber, transmutar, partilhar e aplicar no dia-a-dia. Não dá para explicar a importância das vivências. Só vivendo-as. E o que percepcionamos após é de um entendimento muito mais profundo que o “entendimento mental ou racional” que possamos ter ao ler ou ao ouvir uma vivência de outrém contada por alguém.
Continuei a “fazer exercícios”, “interiores”, “exteriores”, milhentos, agora com outra orientação com a qual me sentia “em casa”. Fiz workshops em modus intensivo ao longo de uns cinco anos.
Relacionamentos_ parte II _C
Com tudo o que “apreendera” sobre relacionamentos, começando pelo livro da Liz Greene, continuando com o da “Profecia Celestina e o seu Guia Experimental e depois com os workshops da Arte de Viver em Harmonia, comecei por “mudar-me”, pois sabia que com a minha mudança, no sentido do meu reequilíbrio emocional (e não só), tudo se iria resolver. Percebi que aquela expectativa que eu tinha desde o meu primeiro relacionamento conjugal que um dia eles, o meu primeiro e o meu segundo parceiro viriam a entender-me e a identificar-se comigo (ou basicamente, a expectativa que eles mudassem) é algo em que muitos caímos e que nunca se verifica, eles nunca serão um ser à imagem e semelhança da personagem que nós criámos para eles.
Também, na primeira “orientação particular” que fiz com o Robiyn, tratei deste tema dos relacionamentos conjugais e ele ajudou-me a reviver memórias que teria que transmutar e como perdoá-las.
Ainda assim, achei que este segundo relacionamento iria equilibrar-se e pudesse ser um belo relacionamento, pelo que o fui mantendo por seis anos.
O Robiyn sempre dissera que nós, sendo nós próprios, podíamos viver bem com qualquer pessoa. Daí eu ter “insistido” em continuar este relacionamento. Desejava ardentemente ser uma pessoa perfeitamente em equilíbrio e assim estaria em equilíbrio comigo própria e com todos os seres. O Robiyn dissera também uma vez a uma rapariga que estava com problemas com o namorado, que não temos que ser capacho de ninguém nem viver ao sabor dos caprichos de alguém. Só depois, somei uma coisa com a outra e percebi que enquanto não estava contente comigo própria permiti certos “atentados ao meu ser” que hoje já não faria sentido permitir.
Este meu parceiro já tinha saído de casa uma vez, dizendo que não queria mais viver comigo. E voltara. À segunda vez que saíu de casa, senti que não estávamos mesmo a funcionar em conjunto e que não queria que ele voltasse de novo. Ao que ele não reagiu muito bem. Eu sentia-me mais centrada e tranquilamente, enveredei por aí.
E foi assim que entrei no meu terceiro relacionamento conjugal 🙂 com o Pedro, que conhecera nos workshops do Robiyn e com quem tinha uma relação de amizade, não muito próxima. Aproximámo-nos mais e descobrimos que tínhamos muito em comum e nos dávamos muito bem e gostávamos muito um do outro. Um sentimento muito tranquilo, romântico, sim e muito genuíno, verdadeiro, de abertura entre os dois, sem jogos de qualquer espécie. O Pedro sempre foi um amigo para as minhas filhas mais velhas e ajudou-me muito com elas. Quando eu tinha 36 anos (e meio! 🙂 ) viémos viver juntos e aos meus 38 tive o meu terceiro filho (o filho que temos juntos). Tendo despertado para umas quantas coisas, quisemos continuar a pô-las em prática também na vivência com o nosso filho, como expliquei no primeiro post desta blogagem colectiva, o Nascimento. E também como podem ler nas páginas “Nós” e “Projecto” deste blog.
Logo no início de quando viémos viver juntos, apercebi-me, na interrelação com ele, de que ainda tinha muitas coisas a resolver em mim (sobretudo memórias de “outras vidas” que vêm ao de cima quando nos deparamos com uma determinada situação que serve de chave para despoletar essa memória) e como quiz muito sentir-me bem comigo própria e que desta vez a relação funcionasse, dediquei-me a uma “completa faxina, de balde e esfregona” (como eu e uma muito amiga minha costumamos dizer), a transmutar tudo o que fui percebendo como energia minha empatada algures em sentimentos e emoções desequilibradas, preocupações, medos, limitações…).
(Foto tirada no ano em que viémos viver juntos, nas nossas primeiras férias _ a Catarina, malandreca tinha estado a ler uma revista para jovens que trazia uns brilhantes e espalhara-os generosamente nas nossas caras, para a foto!)
Nós os dois entendemo-nos bem, mesmo quando discordamos em vários pontos de vista; quando há algo que sentimos não estar bem entre os dois falamos logo um com o outro, não nos acusamos um ao outro, aprofundamos o que cada um sente e o que cada um percebe, o que é preciso mudar, etc., etc. … e normalmente algo melhora, de facto.
Por outro lado, ainda hoje continuamos a descobrir coisas engraçadas que temos em comum.
Eu conto, algumas vezes, entre amigos e na brincadeira, é claro, o episódio do ovo estrelado:
Casada com o pai das minhas filhas, ao estrelar ovos, descobri que ele não gostava dos ovos como eu estrelava; gostava deles bem passados, carregava sobre eles com uma espátula e virava-os, inclusivé, carregando de novo (para mim aquilo eram ovos fritos!); disse-me logo “Não é assim que se estrelam ovos” e lá tive que aprender a estrelá-los à sua maneira, só para ele, ou então, como ele sabia cozinhar e cozinhava de vez em quando, dizia-lhe “Vem lá estrelar o teu ovo”;
No meu 2º relacionamento conjugal descobri que o meu parceiro também não estrelava o ovo da mesma maneira. Em vez de o estrelar em óleo ou azeite tinha que ser em margarina e polvilhado com sal. “Eh, pa”, dizia-lhe eu, na brincadeira, “caso com um e tenho que estrelar os ovos à moda da sua mãe, caso com outro e venha nova receita! Estas mães não se entendem?” (Nota: sempre me dei muito bem com as minhas sogras, dizia aquilo por piada). Como ele também cozinhava e eu nunca me ajeitei a estrelar em margarina lá ia ele estrelar sempre o seu ovo;
Qual não foi o meu espanto, digo eu aos meus amigos, quando descobri que o Pedro gosta do ovo estrelado exactamente da mesma maneira que eu gosto: sem sal, a clara bem passada e a gema a dar para molhar o pão! Estrelado em óleo ou azeite. Também, não tinha muitas hipóteses, que ele não sabe cozinhar, portanto foi uma feliz coincidência… 😉
O Rui Veloso diz na canção (esta era melhor para a fase da Juventude 🙂 ) que “não se ama alguém que não ouve a mesma canção”; a mim calhou-me a do ovo estrelado… 😀
Também digo na brincadeira, aos meus amigos, “que à terceira é de vez”, mas é mesmo na brincadeira, pois hoje estamos lindamente, amanhã pode um de nós decidir outra coisa e hoje isso já não me preocupa, porque sei que está tudo certo e, na harmonia, tudo se encaixa.
A Busca_ parte II_ C
Do muito que o Robiyn nos transmite nos seus workshops e nos ajuda a experimentar, a vivenciar, quero deixar aqui alguns dos muitos pontos que para mim foi importante percepcionar e que fui assimilando:
– Aquilo que cada um entende em relação ao que algum outro partilha não é exactamente o que o outro partilha, pois cada um de nós tem os seus filtros, lentes (devido às limitações que cada um adoptou) e absorve, percepciona, apenas o que esses “filtros na altura deixam passar”. Portanto, o que eu digo aqui, é o que percepcionei do que o Robiyn ou a Flávia ou mais alguém me transmitiu e não exactamente o que eles transmitem. O melhor será sempre irem à fonte, vivenciar.
– Foi crucial para mim perceber, logo no primeiro workshop do Robiyn, que cada um é o responsável pela sua vida, pelo que acontece com ela, assumir que sou eu que posso mudar aquilo que sinto não estar bem na minha vida, sem passar o tempo com desculpas do género é assim, porque o outro _pais, marido, filhos, o chefe, o governo_, a sociedade, o meio ambiente ou o que for, me fizeram isto e aquilo. Este ponto é muito importante, crucial, digo mesmo. Quase todos resistimos a isto, para não dizer todos. E mesmo percebendo, e até assumindo, não o praticamos a todo o minuto. Eu, mesmo após tantas vivências que me mostraram isto mesmo, não o pratico sempre. Depois às vezes lá volto atrás e vejo “ups, lá me desmarquei outra vez da minha responsabilidade no assunto!” e vejo e limpo. Muitas outras vezes nem me apercebo.
– Que vivemos supostamente num mundo tridimensional, mas pensamos linearmente e andamos para aqui com conceitos lineares como por exemplo o do tempo, passado-presente-futuro e causas-consequências, acção-reacção, onde se baseia também o conceito de karma. Que podemos experimentar multidimensões e experiências multidimensionais, como já experimentei. Que, aliás, nós no dia a dia pensamos de uma maneira e agimos de outra. Que muitos dos nossos conceitos não são coerentes (para já não falar dos preconceitos) e segui-los tem-nos atrapalhado a vida.
– Que muitos dos nossos conceitos se baseiam em equívocos como por exemplo (e digo este porque se me aplicou muito directamente), o da tolerância: eu sempre pensei ser uma pessoa muito tolerante e tinha “orgulho” nisso; perceber que de facto, tolerarmos os outros nada tem a ver com humildade, simplicidade e amor e muito pelo contrário quase um acto de soberba, de presunção (eu não concordo, não aceito, mas tolero, sentindo-nos numa posição superior, sim, por isso toleramos) foi mais um grande balde de água fria para o meu ego. E muitos outros, como o lutarmos por algo, o esforçarmo-nos, o preocuparmo-nos, o “andarmos cá” para evoluir e aprender, a evolução, a esperança, o tempo, o espaço, o pensarmos existir o dentro e o fora de nós… e um rol ainda muito maior.
– Que isto é tudo muito bonito, mas de pouco vale saber isto e aquilo se nas coisas mais básicas nos “espalhamos ao comprido”. Como por exemplo andar sempre a julgar este e aquele e as situações. A pensar mal de alguém, a dizer mal de alguém. Eu que pensava que nunca fazia isso, fui descobrindo que, sendo honesta comigo própria, o fazia. E faço ainda muitas mais vezes do que o que gostaria. Que é muita presunção minha quando penso que sou dona da verdade e quando ando por aí a impingi-la (senão a impô-la) aos outros, quando penso que uns são mais evoluídos e outros menos, que o ser humano é o ser mais evoluído do planeta e outras coisas que tais. Com o que digo para aqui no meu blog não tenho intenção alguma de impingir nada a ninguém. A minha intenção é apenas partilhar o que sinto ser equilibrado partilhar (pode não o ser), ou quando me propõem falar de uma fase da minha vida, como é o caso (sei que alguns se identificarão com algumas coisas). Se o faço ou não, efectivamente, já é outra história. Peço-vos, sinceramente, perdão.
– Que não é coerente almejar ajudar o Mundo, os pobres e necessitados de além-mar, aliviar tensões e sofrimentos mundiais, se na nossa casa não fazemos isso (nem sequer nos damos bem !), com os que mais facilmente poderíamos fazer, por estarem perto de nós e no nosso trabalho e em relação aos nossos vizinhos e nesta nossa área de acção mais imediata. E em última instância, connosco próprios. Uma das muitas coisas que muito me tocaram nestas andanças foi um filme-documentário “A Vedação”, que o Robiyn um dia, dentro de um dos seus workshops, “nos levou” a ir ver ao cinema, para que reflectíssemos (e meditássemos e intuíssemos) sobre o conceito de ajuda e porque às vezes queremos tanto ajudar os outros (escrevi algo sobre uma parte deste filme neste outro post).
– Que o amor conjugal é uma concretização “pontual” do amor universal.
Ouvir isto e senti-lo foi muito importante para mim. Rute, se ainda te lembras do mapa numerológico que tão amavelmente me fizeste deves perceber o quão importante foi para mim esta noção.
– Que sentirmo-nos gratos pela Vida é um grande passo. E expressarmos a gratidão também.
-Os abraços (ai, os abraços!) e o expressarmos o amor que sentimos uns pelos outros e a gratidão por existirem.
-Que não existe amor incondicional ou teria que existir o amor condicional e o Amor não tem condições.
– Que o Amor é algo intemporal e o Amor é a Vida e a Vida o Amor, uma e mesma energia e que nós todos e tudo somos essa energia.
– Que passamos a vida a buscar algo fora de nós, porque sentimos que algo nos falta, que somos uma metade (e algures por aí andará a nossa cara-metade, a nossa alma gémea_ disse-nos o Robiyn que, quando muito, teríamos muitas almas gémeas ou seríamos todos almas gémeas uns dos outros_ que nos completará). Ou sentimos que algo nos falta, que somos imperfeitos e então andaremos nesta busca eternamente até percebermos que temos todos os ingredientes necessários nos armários da nossa cozinha para fazermos os nossos bolos. Que já nascemos com tudo, somos inteiros, somos íntegros. Agora é só aplicar, mãos à obra! Que a nossa insatisfação permanente e os medos e inseguranças advêm, em parte, de nos julgarmos separados; que nós não somos um ser separado, “sem apoio”, “sem rede”, estamos interligados, interconectados, somos Um Todo. Que o Todo, a Realidade Única, está em interacção harmónica, tudo o resto faz parte de um mundo ilusório criado por lentes, filtros, percepções, baixas de energia como acontece quando de repente o computador fica marado. E que vai criando memórias que nos vão enredando e onde vamos empatando mais e mais energia, sendo que, não dando a volta a isso, cada vez vamos dispondo de menos energia para o percepcionar e transformar.
Ora que foi aí que deixei de buscar. Não por achar que já sabia tudo, sim por perceber o que acabei de dizer acima.
O que não significa que deixei de ler (oh, não! Quem me conhece sabe que sou uma leitora inveterada…), a minha atitude perante tudo é que é já outra.
Houve de facto uma fase, enquanto me inteirava de tudo isto e muito fascinada pelas vivências que os “exercícios-ferramentas” (de relaxamento, captação de energia, energizações, rio de energia e transmutação/perdão, telepatia, “viagens no tempo” e muitos, muitos outros) me proporcionavam, que quase deixei de ler, pois como anteriormente encarava estas leituras como a tal busca, o que vinha nos livros já não me satisfazia mais. Lembro-me de, passados meses sem tocar num livro, entrar numa livraria e apetecer-me comprar livros específicos e que me trouxessem uma informação determinada que me ajudassem a melhor implementar decisões que acabara de tomar, como por exemplo, o ter-me tornado vegetariana. Comprei nessa altura um livro sobre alimentação saudável e vegetariana, com muita informação básica sobre o assunto (” Guia Prático da Alimentação Saudável e da Terapêutica Natural”, do autor Manuel R.C. Melo).
Na mesma altura comprei ainda o livro “Melhore a Sua Visão” de Martin Brofman, pois acabara por passar por uma experiência que na altura achei incrível, por ter sido totalmente inesperada e nem me ter passado pela cabeça ser possível: logo após o 1º workshop com o Robiyn, comecei a sentir um incómodo grande quando colocava as minhas lentes de contacto; pensei “já devem estar a precisar de ser substituídas” e uns dias depois fui ao meu optometrista habitual; ele fez-me testes e mais testes e, nada me explicando, pediu-me que andasse uma ou duas semanas com umas lentes que ele me ia emprestar e depois voltasse lá, o que fiz; passado o tempo por ele indicado lá voltei, ele voltou a fazer mais testes e perguntou-me se eu estava a passar por alguma alteração hormonal (menopausa, gravidez…) ao que respondi que não; um tanto incrédulo lá me explicou finalmente que não estava a ver porque razão, mas a minha graduação tinha-se alterado, deixara de ter astigmatismo e o grau de miopia reduzira cerca de dioptria e meia; fiquei nas nuvens, feliz, feliz, sobretudo porque costumam dizer-nos que, com a idade, estes problemas de visão se agravam; só depois vim a saber que já há muitos anos o doutor William Bates, no seu livro “Better Eyesight Without Glasses”, explicara que os óculos são como muletas, que podemos dispensar assim que os músculos oculares que tensionam o globo ocular voltam ao “normal” e que podemos fazer uma espécie de “fisioterapia” (ginástica ocular) para que voltem; ao folhear este livro de Martin Brofman vi que ele em dada altura falava no Dr. Bates e quiz aceder a mais informação sobre o assunto; eu não tinha feito nenhuma ginástica ocular, mas ao ler este livro, “Melhore a Sua Visão”, percebi o que me tinha acontecido durante esse fim-de-semana do workshop que levou ao “desaparecimento” do meu astigmatismo e à melhoria da miopia.
E também me lembro de ler, nessa fase de quase nenhuma leitura, um livro que as minhas filhas já me tinham oferecido há algum tempo num belo Dia da Mãe e que estava “na gaveta” (só depois de o ler é que percebi porquê, se o lesse antes desta minha “transformação” não teria percebido a simplicidade da mensagem), o “Mensagem do Outro Lado do Mundo” de Marlo Morgan (pode ler-se aqui neste outro post algo sobre ele).
Depois, aos poucos, retomei as “minhas leituras” numa outra perspectiva, sobretudo umas para ir actualizando alguma informação e outras por puro prazer de ler e me divertir (tenho lido romances muito engraçados e escritos “com alma” e até romances históricos, aos quais, há uns tempos atrás, não ligava nenhuma 🙂 ). Gosto de sentir os autores através do que escrevem, eu própria gosto muito de escrever (nota-se! 😉 ).
(Um dos meus muitos cadernos onde escrevo, à mão, o que se vai passando, o que vou mudando, etc., etc.)
Parar de buscar também não significa “ter parado”, muito pelo contrário todos os dias descubro coisas que tenho que mudar, transformar, e vou continuando a perceber e a transmutar os meus medos, inseguranças, memórias, limites que me imponho (e uma grande ajuda é o relacionarmo-nos com os outros, continuamos a ser o espelho uns dos outros…). E sim, significa “reunir os meus ingredientes”, os meus talentos e/ou redescobrir novos talentos e fazer algo com eles. Encontrar soluções. Pôr em prática. Viver. Porque, como diz o Robiyn, “estamos cá” para irradiarmos o ser maravilhoso e único que somos, para sermos felizes e com isso fazermos os outros felizes.
Muito fica por contar, o post vai para lá de longo! Surgirão outras oportunidades…
Beijinhos a todos, obrigada por mais estes momentos de partilha, aqui entre todos, nesta blogagem colectiva Fases da Vida. Obrigada por existirem.
Obrigada, Robiyn, Flávia, todos os autores que li e todas as pessoas que partilham momentos comigo e todas as que em algum momento se cruzaram comigo. E animais e plantas e objectos e situações. E seres “de outras realidades”.
Obrigada Maturidade, o que quer que signifiques 🙂
Amo-vos.
Isabel