Viva!
E mais um excerto de um livro de John Holt, hoje o finalzinho do “Dificuldades Em Aprender”:
” (…) deixei de acreditar que as “escolas”, por muito bem organizadas que sejam, constituam os locais adequados, ou os melhores para que este processo (o da aprendizagem) aconteça. Tal como escrevi em Instead of Education e em Teach Your Own, salvo raras excepções, o conceito de locais especiais de aprendizagem, onde nada acontece a não ser aprendizagem, já não me parece fazer sentido algum. O local mais adequado e o melhor lugar para as crianças aprenderem tudo o que precisam ou querem aprender é o local onde quase todas as crianças aprendiam, até há bem pouco tempo _ o próprio mundo, e no seio dos adultos.
Devíamos instalar em todas as comunidades (talvez em antigos edifícios escolares) centros de recursos e de actividade, clubes e outros locais onde pudessem ocorrer muitas espécies de coisas _ bibliotecas, salas de música, teatros, instalações desportivas, oficinas, salas de conferências _ que estariam abertos ao público e seriam usados tanto pelos jovens como pelos mais velhos. Cometemos um erro terrível quando (com a melhor das intenções) separámos as crianças dos adultos e a aprendizagem do resto da vida, e uma das nossas tarefas mais urgentes é derrubar essas barreiras e voltar a reuni-los.”
Por outro lado, em muitos dos workshops do Robiyn, ouvi sempre falar nesta “reunião etária”, mesmo por exemplo, em relação aos idosos, que não deveriam ser isolados e sim continuarem a conviver com crianças e jovens. Que, de facto, é o que é natural, o que faz parte da vida.
A nossa compartimentação de tudo, incluindo as pessoas, por faixas etárias, por sexo, por profissão e chegando ao pormenor da categoria profissional, etc., etc., transformou-nos em números, em abstracções.
Isso é possivel e pode ser usado para fins de estudo, de estatísticas e o que for, mas não pode comandar a nossa vida, agrupá-la “permanentemente”, destituí-la do seu conteúdo natural, impedir o seu curso natural…
Hoje em dia, pelo que transcrevi no post anterior e no de hoje, como Projecto a implementar, para além de, ou como complemento a, termos optado, conjuntamente com ele, pelo ensino doméstico como a modalidade a desenvolver em relação à escolaridade do nosso filho Alexandre, sinto uma grande simpatia pela possibilidade da existência desses centros de recursos e actividade preconizados por John Holt, “onde possam ocorrer muitas espécies de coisas”, como ele diz (o que também tem uma certa ligação com o meu post sobre as “interligações” 🙂 ).
Tenho um certo “feeling” que aos poucos vão surgindo centros de recursos e actividade como esses (já começam a existir alguns, só que são frequentados normalmente em horários pós-laborais ou pós-escolares, ou “aos fins-de-semana”, a ideia é, à medida que cresça a “escolaridade” frequentada na modalidade do ensino doméstico, mais crianças e jovens tenham um horário livre para os frequentar _ na proposta de John Holt, aliás, a ideia era mesmo esses centros se irem substituindo às escolas… 😉 , desde que seja numa perspectiva do unschooling e não em novas escolas, com novas regras, com outro tipo de professores… ou voltaria tudo ao mesmo, ou pior).
Por outro lado, também será necessário que os adultos envolvidos em profissões com horários rígidos, vão ao pouco transformando as suas profissões naquelas que lhes dizem algo mais intrinsecamente, que decorram de uma forma mais natural e livre, que para si tenham sentido e sirvam a comunidade. (Escrevi sobre as profissões aqui.)
Gosto de pensar num puzzle multidimensional, onde cada peça é única e todas as peças se encaixam! 🙂 E isso, para mim, diferentemente da utopia, é a realidade que nós não estamos actualmente a viver, porque a distorcemos (ou porque amassámos as peças e assim elas não encaixam no puzzle… cada um terá que reconstituir-se como peça única e impecável, nós próprios sendo nós próprios _ falo por mim, que continuo nesse processo!)
E é verdade, por ter falado em livros, a Paula do Aprender Sem Escola, colocou neste post links para uns quantos livros disponíveis on-line, ligados de alguma forma ao unschooling/homeschooling, livros em português e livros em inglês. É-nos de muita utilidade!
Beijinhos para todos, até para a semana dia 7 de Julho, Lua Cheia!
Caderno Verde
Uma grande Aventura
“Isto é uma grande Aventura! Vamos de barco a uma ilha!” _ o que o Alexandre não se cansava de dizer enquanto esperávamos pelo barco que nos ia levar (nós lá de casa, à excepção da Celina que decidiu não ir em prol dos exames da faculdade, mas por outro lado foi o Bernardo, e mais duas amigas nossas e os respectivos filhos _ éramos dez!) às Berlengas!
Foi um óptimo passeio e um óptimo fim-de-semana e uma grande aventura(!), como disse o Alexandre, todo contente.
Um barco cheio de “speed”,
uma viagem bem divertida,
uma ilha bem bonita,
vistas maravilhosas,
uma prainha
banhos e brincadeiras,
percursos pedestres mais à tardinha (estava bastante calor),
gaivotas por todo o lado,
ninhos de gaivotas e os seus bebés,
o forte,
o farol,
casas-de-banho públicas limpas, com sabão e papel (!) (tenho que mencionar, é mais forte do que eu… 🙂 ), um parque de campismo su generis,
vistas e mais vistas maravilhosas
e de novo o nosso barco para nos levar de volta ao continente. Chama-se “Pássaro do Sol”,
que achámos piada po ser parecido com o título de uma canção que o meu tio músico escreveu para a Catarina cantar que se chama “Pássaro do Céu” (pode ser que um dia ela a grave e vocês possam ouvi-la 🙂 ). Sim, ela não gosta só de representar, também adora cantar _ é ela que dá a voz às músicas do coelhinho Titou, que já passou no Panda (existe em CD) e uma amiga dela, da Cativar, canta as do último CD do Golfinho Viky.
De volta, então:
Para o Alexandre, os pontos altos foram as viagens no Pássaro do Sol
(“Um dia vou conduzir um barco destes!”, disse, e também disse algo parecido no dia a seguir, ao subir no ascensor da Nazaré
e a andar a espreitar o mecanismo que o movimenta e segura:
“Um dia vou conduzir um ascensor destes”_ a somar à frase da semana anterior que pus no último apontamento do Caderno Verde “Eu sei que um dia vou ser um cozinheiro e cozinhar para muitas pessoas, para todos…”, já vamos em três “profissões”… mais, afinal, pois já disse que vai ser “maquinística” de comboios e pilotar naves espaciais), os faróis
e a subida até lá acima.
Só me tinha apercebido de que ele gostava de faróis no outro dia, em Cascais, quando ficou vidrado numa montra que tinha vários faróis em miniatura. Temos que ir visitar um, há vários por lá, visitáveis.