Caderno Verde
Unschooling num fim-de-semana de temporal
Sábado.
Estava programado irmos a uma festa de aniversário da filha de uns nossos amigos, em Lisboa. Um temporal assolou este distrito, pelo menos. O vento assobiava tanto que assustava um pouco (caíram umas árvores do parque de estacionamento defronte de casa). Desistimos de ir. Ficámos os três (pai, mãe e filho) no quentinho e o dia decorreu assim:
Desenhos animados de manhã, juntos, aninhados no sofá.
Alexandre e pai jogaram Super Mario Paper.
Brincadeira e alguma ginástica em cima da cama.
Comidinha boa.
Construção de uma cidade através de um novo (cá em casa) programa de computador.
Pensámos por várias vezes praticar os três uma aulinha de Tai Chi que fomos adiando ao longo do dia e acabámos por substituí-la por uma sessão de dança ao som das músicas do final de um filme, que o Alexandre gosta de dançar.
Jogo das aventuras 4 (tínhamo-lo comprado na Sexta, finalmente…): completámos 1 dos módulos _ aula de português, de estudo do meio, de matemática e atividades propostas. Estivémos à volta de quadros, gráficos, tabelas, animais em vias de extinção, famílias de palavras e mais uns assuntos. Foi o Alexandre que quiz ir estrear o “jogo” e esteve bastante interessado.
China: luzes da china _ imagens de satélite à noite) e vários mapas da China. Começámos por pesquisar imagens de satélite onde mostrassem “China à noite”, a pedido do Alexandre (de bónus vieram as da Índia à noite, da Europa à noite e mais umas quantas; é giro ver onde brilha mais (ele queria perceber quais os países do mundo que têm mais luzes o que significa para ele que são os que têm mais cidades!!!). Como bónus, encontrámos os mapas da China (coloquei o link, em cima), muito mais compostos que alguns que já tínhamos visto (ele já sabe o nome de várias cidades chinesas e que nós chamamos Pequim a Beijing).
Documentário sobre os cinco melhores comboios do mundo (de cerca de 1h de duração):
Bem! Este foi já à noite e rendeu bem! Agora que acedemos, na tv, às gravações dos programas de até 7 dias atrás (o Alexandre disse que assim já percebe que se pague para ver televisão, antes desta hipótese não achava equilibrado o binómio custo-benefício), o pai desencantou o documentário no Discovery Channel, sobre o top-five dos melhores comboios do mundo. Há mais de 1500 tipos de comboios em todo o mundo, de modo que os critérios para este top-five são baseados em cinco qualidades: robustez, velocidade máxima, velocidade operacional, distâncias percorridas e capacidade quanto ao nº de passageiros transportados (vejam abaixo mais sobre o que aprendemos com este documentário).
Domingo.
Quase que nem à varanda nos atrevemos a ir. O temporal de Sábado amainou um pouco, ainda assim, dentro de casa é que se estava bem. Para além dos desenhos animados em contínuo aninhados no sofá e da comidinha de forno para aquecer a alma, construíu um novo edifício no Minecraft
(do qual não tirei fotos, estas são de um outro parecido _ também tinha um heliporto) que construíu há uns tempinhos e do qual ainda não tinha colocado fotos aqui)
e desenvolvemos o assunto dos mapas da China.
Também revimos o documentário sobre os cinco melhores comboios (ele queria decorar pormenores vários da informação disponível):
Bem, o comboio considerado mais robusto e com maior força mecânica é o QNSL canadiano que transporta minério de ferro num percurso de 418 km, por vezes a temperaturas inferiores a 40º C negativos e num percurso rodeado de ursos. Pesa 33 000 toneladas (46 vezes mais que o candidato mais próximo!!!), usando um depósito cheiinho de 20 000 l de combustível! Cada locomotiva consegue puxar 80 vagões e chegam a acoplar duas e três locomotivas transportando no máximo 240 vagões tornando o comboio muuuiiito comprido (2,5 km de comprimento) para ir buscar minério a Labrador City. É por isso um tanto lento, atinge os 65 Km/h quando vazio e a sua velocidade operacional é de 56 Km/h.
O mais rápido é, sem dúvida, o mais recente TGV Duplex (de dois andares) que consegue atingir os 575 Km/h. No entanto, a sua velocidade operacional (a velocidade que atinge carregado de passageiros e nas condições regulares) é de 320 Km/h. Consegue transportar mais passageiros que o anterior TGV (chega aos 1020) e chega a percorrer 1278 km (os que separam Nice de Bruxelas). Como é muito rápido, o maquinista nem consegue ver os sinais vermelhos na linha, apenas se guia plos indicadores do painel de controle, de modo que quando alguma luzinha se avaria tem que ir logo para a manutenção. E também pelo desgaste rápido de algumas peças, como o eixo das rodas que é inspecionado a cada 3 dias. Também mostram, no documentário como em La Rochelle já trabalham no sucessor do TGV, o AGV que será 12,5 % mais rápido (em vez de dois motores, um em cada ponta do comboio, terá dez motores acoplados nos chassis).
A maior velocidade operacional pertence ao comboio de levitação magnética Maglev chinês (flutuante, portanto) que atinge os 5oo Km/h e cuja velocidade operacional é de 431 Km/h e com uma taxa de pontualidade de 99,97 % (era a que precisávamos cá em Portugal para os nossos comboios)!. Faz uma viagem curta, de 30 Km, em Xangai, transportando 562 passageiros. É extremamente leve, feito de uma liga de alumínio de alta resistência e baterias que fornecem energia e fazem o Maglev flutuar num campo magnético que eleva o comboio a 12 mm. Usa muito menos energia que um automóvel comum ou que um ar-condicionado e esta tecnologia foi desenvolvida por uma empresa alemã tendo sido a China, até agora, o único país a investir nela (1,4 milhões de dólares).
Quem percorre uma maior distância e em condições inóspitas é o Qingzang, também na China, a raiar os 2000 Km entre Xining e o coração do Tibete, atingindo apenas os 120 Km/h e transportando 900 passageiros que têm que assinar uma declaração de responsabilidade sanitária para fazer tal percurso, dadas as dificuldades de pressão ao atingir as zonas montanhosas a 5072 m de altitude e cerca de 30º C negativos; estes passageiros passam cerca de 12h a 4000 m acima do nível do mar e recebem oxigénio extra para uma viagem potencialmente fatal; ainda assim, este comboio já transportou mais de 41 mil milhões de passageiros desde que circula e uma nota interessante é que a água dos lavabos é aquecida ou sairia pelas torneiras em cubos de gelo 🙂 A tecnologia para a construção e viabilidade da linha férrea teve que ser especificamente desenvolvida, pois atravessa várias zonas com uma camada instável de lama e gelo (que descongela), com um sistema genial de ventilação que permite manter o solo congelado todo o ano.
E o que nos resta dos cinco especiais, o comboio-bala do Japão, líder mundial na capacidade de transporte de passageiros: 1323 passageiros (em 16 carruagens). A velocidade máxima é de 332 Km /h e o percurso, de 1069 Km. Liga frequentemente Tóquio a Osaka. Para ser maquinista de um comboio destes são necessários 7 anos de experiência a conduzir comboios e passar por uma formação de 591 h de teoria e 571 h de prática mais simulações mensais de situações de emergência, dada a responsabilidade pela vida de tantos passageiros. É obra!
Depois, ainda encontrámos e vimos (no mesmo canal, o Discovery) um documentário sobre a construção de Tokyo Sky City.
Também descortinámos esta informação sobre Tóquio não ser bem, tecnicamente, uma cidade (isto porque o Alexandre tinha descoberto um edifício que num sítio dizem ser em Tóquio noutro numa outra cidade e quando procurava por essa cidade no mapa do Japão ela aparecia-lhe localizada em Tóquio e o rapaz estava muito confuso e eu também): “Embora Tóquio seja considerada o maior e mais importante centro financeiro do mundo[9] (ao lado de Nova York e Londres[10]), e uma “Cidade Global Alfa++“, ela não é, tecnicamente, uma cidade. Não há no Japão uma cidade chamada “Tóquio”. Na verdade, Tóquio é designada como uma metrópole, similar a uma prefeitura do Japão e é constituída por 23 bairros, 26 cidades primárias, cinco cidades secundárias e oito vilas diferentes. Cada uma delas possui um governo que opera no nível regional. Também fazem parte de Tóquio pequenas ilhas no Oceano Pacífico, localizadas a mais de mil quilômetros sul, nos subtrópicos.”
Pronto, foi um fim-de-semana muito proveitoso, aconchegante e intimista, ao mesmo tempo “viajando” por alguns lugares do mundo!
😀
E o que eu aprendi em conjunto com o meu filho, sobretudo sobre comboios do que percebo muito pouco e nem imaginava que ia ser assim interessante e que gostava de reter esta informação (também vi o documentário duas vezes com ele _ e durante esta semana já voltámos a repetir a dose).