Archive for Setembro, 2011

Colectiva Fases da Vida_ 7ª fase_ Morte

Vivam! Bom dia!

E cá estamos de volta a esta colectiva Fases da Vida, hoje a 7ª fase _ Morte, proposta pela Rute do Publicar para Partilhar. (E aqui o link para a participação da Rute, de hoje, onde podem também aceder a todas as participações)

Quando vi o título desta fase logo me ocorreram vários pontos que gostaria de abordar e depois ao ler o magnífico texto elaborado pelas raparigas 3 R’s como apresentação desta 7ª fase, percebi que esses pontos encaixariam perfeitamente nas sugestões  propostas.

Então, o que fazer de melhor se não aproveitar o texto deveras inspirado e inspirador da Rute/Rosélia/Regina e encaixar nele o que eu quero partilhar sobre o tema?

Não vou abordar todas as sugestões, apenas algumas. E vou começar pelo fim, já perceberão porquê.

VOCÊ GOSTA DE VIVER?

Ah, sim, eu gosto e sempre gostei de viver. Quando era miúda dizia à minha mãe que ia viver até aos cento e tal anos, quantos mais melhor. E quando um dia, eu e algumas amigas, jovenzinhas, curiosas sobre a “leitura das mãos” líamos numa revista da época algumas coisas sobre a quiromancia e nos pusémos a comparar as nossas “linhas da vida” e me diziam que a minha era muito curtinha e que iam viver mais que eu, eu pensava: “Oh, isto não deve ser bem assim, eu vou passar dos cem”. Engraçado que entretanto a minha “linha da vida” até cresceu…                                        😉

Isto para vos dizer que sempre achei que iria andar por cá muito tempo, não por medo de morrer, sim porque sempre pensei que iria ter muito que fazer e muito para viver (o que não quer dizer que eu não tenha medo da morte, tenho algum, mesmo com todas as filosofias e práticas que o acalmem e o que também não quer dizer que eu vá chegar aos cem! Quer dizer, sim, que eu GOSTO DE VIVER).

IMORTALIDADE

Bem, acho que aqui encaixa perfeitamente a pergunta “filosófica” que a minha filha do meio me fez quando tinha sete anitos (e que também tem a ver com o espírito deste blog, a Rute que o diga, com as perguntas “à menino Tonecas”, podem ler aqui e aqui, mas já houve muitas mais):

“Mãe, porque é que nós não morremos primeiro e nascemos a seguir e depois ficamos sempre vivos?”

Ora aí estava a solução perfeita!

E digam-me lá, o que vocês lhe responderiam? E o que é que eu lhe respondi? Sinceramente já não me lembro, devo ter respondido uma patranha qualquer. Fixei muitas destas perguntas dela, que ela tinha cada saída que eu achava o máximo, mas não me lembro nada do que é que lhe respondia (talvez por isso agora vá registando todas as “perguntas sábias” deste meu mais novo).

Aqui está a razão porque comecei pelo fim do texto da Rute/Rosélia/Regina. É para condizer com o morrer primeiro e nascer a seguir e depois ficarmos sempre vivos                                              🙂

Também se encaixa na imortalidade a definição de morte que eu adopto (parece um paradoxo…):

Há quem fale da morte de uma perspectiva “materialista” ou “ateia” _ o que não é a mesma coisa, mas ambas as perspectivas incorrem no mesmo discurso: “morremos e acaba-se tudo, pronto, acabou-se, que mania a do homem querer ser imortal, nasce-se, cresce-se e morre-se, como tudo, olha, enterra-se , os bichinhos lá darão conta de nós”;

Há quem fale da morte de uma perspectiva espiritualista ou religiosa _ o que também não é a mesma coisa e também ambas as perspectivas incorrem num mesmo discurso: “termina o tempo do corpo, mas nós temos uma alma e esta é imortal; a morte é uma passagem; a alma partiu para outros reinos/níveis/estágios de evolução”;

Dando razão às quatro perspectivas anteriores ao mesmo tempo, eu gosto de pensar na morte numa perspectiva que alguns diriam científica, mas que eu chamo de natural, adoptando a frase de Lavoisier “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. E nós, seres humanos, como muito bem me recordou o Robiyn nos seus workshops, somos parte da Natureza, pertencemos à Natureza, somos Natureza, temos é a mania de nos esquecermos disso. Se virem bem, os pensamentos anteriores podem, tanto uns como os outros, encaixar-se nesta frase. E aqui também se encaixam o “Somos Todos Um” e a Eternidade. E o sermos Todos e Tudo a mesma energia a vibrar em várias frequências (o que é melhor, a frequência da visão ou a da audição? As ondas de rádio ou as de telefone? A frequência onde a tal energia única vibra em “espírito” ou em matéria? Haverá de facto melhor ou pior ou serão todas precisas ou adequadas a determinadas funções/manifestações? Porque exarcerbamos umas ou outras ou diminuímos outras ou umas?).

E eu que tinha pensado “nada de filosofias neste post”… e pronto, vêm-me aqui estas pequenas apelar à imortalidade…

Perguntam elas (as 3 R’s):                                   🙂

“Você gostaria de ser imortal? Ou gostaria de ter poder de decisão, ao fim de uns séculos de vida, ter à sua disposição um botão ON/OFF para carregar quando se cansasse de tanto viver?”

Bem, segundo a definição de morte através da “perspectiva natural” que adoptei e expliquei em cima, decididamente eu sou imortal.

Por outro lado, nesta senda de “viver até aos cento e tal anos”                    😉               soube, já nesta “fase da Maturidade” que atravesso, de um povo que existe mesmo à face da Terra, cuja esperança média de vida é de cerca de cento e cinquenta anos. Trata-se dos Hunza.

Eu conto: Estava eu num dos tais workshops Renaski^gi que já vos contei ter frequentado quando, a propósito de o Robiyn ter falado de um homem que aos 90 anos desposou uma bela “jovem” de 80 e tal e, mais ainda, para o fazer, pediu a sua mão ao seu pai, que tinha a bela idade de 135 anos, uma “aluna”, por sinal médica de profissão, levou um pequeno livrinho que relata o que, também um médico, escocês, tinha descoberto e divulgou sobre um povo onde os seus anciãos atingem regularmente a bela idade de 145 anos, sem conhecerem qualquer tipo de doença e com uma desenvoltura física e mental praticamente igual à dos seus conterrâneos “jovens de 70 anos”. Esse livro chama-se “Os Segredos de Saúde dos Hunza” e encontra-se disponível em pdf na internet, aqui.

Leiam mesmo o pdf, é um livrinho pequeno, lê-se em poucos minutos e vão ver que vale mesmo a pena.

De entre os vários “segredos” explicados no livro e que o médico escocês, que viveu 7 anos no meio deles, constatou serem a razão de tal longevidade, o principal, segundo ele, é a frugalidade da sua alimentação. Comem muito pouca quantidade, para além da qualidade dos alimentos, naturais, integrais, pouco cozinhados, etc., etc.

O que faz lembrar que condiz um pouco com o que proclamam algumas quantas pessoas que afirmam não comer totalmente (como a australiana  Jasmuheen e o seu livro “Vivendo da Luz“) e que o ser humano pode viver de energia pura (de “prana” e da energia solar obtida directamente do sol sem termos que a ingerir indirectamente através dos alimentos que crescem absorvendo essa energia, como os que praticam o “sungazing“).

Se calhar andamos enganados quanto ao combustível para o qual o nosso corpo foi feito e por isso andamos para aqui aos soluços, tal carro a gasóleo em que por lapso lhe metemos gasolina…

Ainda voltando aos Hunzas, ora que o que eu preciso mesmo é passar para a frugalidade, pois em relação à qualidade dos alimentos, a respirar segundo as técnicas do yôga, a praticar yôga e relaxamento, já lhe vou dando uns toques… ups! Faltam-me as caminhadas de kilómetros que os hunzas fazem e nadar mais vezes, mas realmente, o segredo dos hunzas que o médico escocês diz ser o mais importante, o da frugalidade, é o que, ultimamente, me tem falhado redondamente                😉           

O meu filho pequeno é que me diz, quando eu me queixo do meu actual peso que incrementou dez quilos de há quatro anos para cá, “Mãe, tu deves fazer como eu e só comer quando tens fome. Eu só como quando tenho fome!”  E não é que ele tem razão? Foi mesmo por me ter posto a comer sem ter fome durante um período alargado que isto me aconteceu e agora para voltar às minhas anteriores quantidades tem-me sido menos fácil…                           😉                     

Quanto ao botão ON/OFF, já que vimos que se calhar até podemos durar uns séculos, a minha resposta é também sim!

A minha visão é um bocadinho mais romântica que o botãozinho ON/OFF: desde que li algures (pois que desta vez não me lembro mesmo onde, gosto de passar os créditos de onde fico a conhecer os assuntos) que os anciãos indígenas de uma certa tribo, quando queriam ou sentiam que já estava na sua altura de morrer, despediam-se do resto da tribo e iam calmamente até à floresta, escolhiam uma árvore e sentavam-se sob ela e lentamente deixavam que o seu “espírito” desocupasse de vez aquele seu corpo, que penso que gostaria também de morrer assim.

A COMPAIXÂO TRANSFORMA A NOSSA PERSPECTIVA?

Sim, sim, Rute/Rosélia/Regina, essa não me oferece qualquer dúvida. Até diria mais: o Amor nem tem perspectivas!

A minha pergunta é antes esta: para quê esperar que a pessoa morra para ter compaixão e mudar de perspectiva? Porquê não mudá-la ainda em vida da pessoa? E também sei a resposta, que dei a mim própria já há uns tempos atrás, quando comecei, como vos contei na fase Maturidade e também já vos falara um pouco na fase Juventude a propósito dos comentários da Rute a esse post meu, a transformar os sentimentos que tinha em relação aos meus pais e mais algumas pessoas: querendo, é só dar um jeitinho e podemos ver o quadro mais amplo e perceber o contexto em que as diferentes pessoas agiram, perceber as suas qualidades, o que elas nos oferecem/ofereceram de tão precioso, transmutar a energia e amarmo-nos amando-as (ou amá-las amando-nos).

ASPECTOS POSITIVOS _ O PRESSENTIMENTO DA MORTE QUE NOS FAZ ACORDAR PARA A VIDA

Nunca tive uma experiência de quase morte. No entanto, em relação a isto tenho algo para partilhar.

Hoje em dia há vários filmes que se desenvolvem a partir das reacções de alguém que tem a notícia de uma doença e que lhe restam poucos dias de vida. E estou a referir-me àquelas reacções que levam as pesoas a fazer aquelas listas de tudo o que é que gostariam ainda de fazer antes de morrer.

Algumas chegam a realizar alguns dos seus sonhos antes de morrer, outras chegam a nem morrer logo, a curar-se da doença, de tal modo transformam a sua vida (como o caso, contado pelo próprio, do autor do livro Melhore A Sua Visão” (Martin Brofman) que eu já referenciei no post da fase Maturidade.

Dos inúmeros exercícios que fiz nos workshops Renaski^gi, alguns eram precisamente sobre isto, se soubéssemos que iríamos morrer daqui a uns meses, o que seria importante ainda para nós realizarmos, fazermos, não fazermos, etc. É um exercício/reflexão muito útil.

Este “exercício” também é contado por Steve Jobs (o fundador da Apple macintosh e da Pixar), no seu discurso aos estudantes (de fim de curso) da universidade de Stanford. Podem vê-lo e ouvi-lo (tem legendas em português) através deste meu post de há uns tempinhos atrás, intitulado “Vidas que nos Inspiram” (parte 2 do vídeo, mas só temos a ganhar se virmos as duas partes).

E já agora, dentro deste tópico e também dentro do espírito deste blog, quem já viu, o que é que acha do filme (para “crianças”!)  “Up, Altamente!” ? É mesmo altamente! E tem TUUUUDO a ver com a fase anterior, Melhor Idade e com o que tenho estado para aqui a dizer nesta fase. Já vi o filme várias vezes com o meu filho, porque ele não se contenta em ver os filmes que gosta uma só vez e cada vez que o revejo algo se me acrescenta! Gosto especialmente da relação que existe entre a fase inicial do filme e a fase final                     🙂

E bem, cheguei ao fim do que queria partilhar através do maravilhoso texto das raparigas 3 R’s (rabinas, rebeldes e responsáveis!                     😉                           ).

Só que isto é tudo muito bonito…  e o que tenho feito e sentido entretanto perante a morte de alguém chegado? Estas filosofias/exercícios/definições/pensamentos sobre a morte, na prática ajudam-me nalguma coisa?

Até hoje, passei pelo falecimento de três pessoas das mais chegadas em termos familiares e afectivos.

O primeiro, era eu bastante jovem, o de um tio meu que morreu aos 44 anos com um cancro nos pulmões. Lembro-me de ter ido vê-lo ao hospital horas antes de ele falecer e perante a sua extrema dificuldade em respirar só me apeteceu ( e fi-lo) colocar-lhe as minhas mãos sobre o seu peito e as suas costas como se o calor que elas transmitiam o aliviassem um pouco. No entanto, após ele falecer, não evitei os pensamentos que o culpabilizavam por tanto fumar e tanto beber (bebidas alcoólicas) que o levaram àquele estado. Foram precisos alguns anos e umas doses de maturidade para me deixar de culpabilizar as pessoas pelo que elas fazem a si próprias (para já não falar aos outros).

O segundo, foi o falecimento do meu pai, completamente inesperado. Aos seus 61 anos, há 16 anos atrás (tinha eu 3o). O meu pai teve um acidente de automóvel e ficou com um problema no tornozelo e disseram-lhe que era melhor operar ou ficaria coxo o resto da vida. A operação era simples, só com anestesia epidural. Ele faleceu logo que acabou de ser operado, o seu coração não aguentou. Foi um choque para os filhos e para a sua mulher (a minha madastra), quando soubémos. Ela chegou a apurar que era obrigatório estar um cardiologista presente na operação, quando o paciente teve algum antecedente cardíaco (o que era o caso) e que na operação ao tornozelo do meu pai não havia um cardiologista presente, mas acabou por desistir de levar o inquérito avante, pois só para o iniciar formalmente teria que dispender uma quantia de 3.000 contos, na altura (cerca de 15.000 €), o que ela não dispunha.

Perante aquilo que vos contei na fase anterior, a da Melhor Idade, sobre o que o meu pai dizia em relação a quando chegasse a não estar na posse de todas as suas faculdades, eu hoje vejo o seu falecimento de outra maneira. O meu pai já andava há alguns meses a dizer que já tinha os filhos crescidos e orientados e que não “andava cá” a fazer nada. E a ter sonhos de que era transparente e andava com outros “transparentes” sentados no telhado e a olhar para nós e a brincar que nós ainda precisávamos de comer e eles não (contou-nos ele este sonho poucos meses antes de falecer) e eu sinto que, inconscientemente, nós escolhemos morrer. Podíamos, já agora, era arranjar uma forma assim harmónica como a dos anciãos que se sentam debaixo da árvore, mas talvez isso seja para quem escolhe com a consciência e não inconscientemente… não sei, perdoem-me, não quero ferir qualquer susceptibilidade quanto ao assunto, digo-vos que, de verdade, já pensei nisto assim.

Na altura, dizia então, foi um choque para nós e deixei-me entristecer de uma forma que não era habitual em mim. Tive que ir reconhecer o seu corpo que fora autopsiado e foi uma experiência pesada para mim. Na altura eu tinha a crença que o meu pai estaria ali a ver-nos e isso aliviava um pouco o que sentia, no entanto, engraçado foi o que aconteceu no fim do seu funeral, parecia algo “ditado” por ele, a minha madrasta convidou-nos para irmos almoçar fora todos juntos (ela, todos os filhos dele que ali estávamos e os respectivos companheiros). Digo que parecia algo ditado por ele pois era um hábito que o meu pai tinha, reunir-nos frequentemente e ir pagar-nos um almoço fora, onde conversávamos e ríamos muito. E assim foi, foi um almoço em que passámos o tempo a rir e a lembrarmo-nos de todas as coisas engraçadas que nos lembramos sempre relativamente ao meu pai, já vos disse noutras fases, que ele tinha um humor peculiar, dizia coisas sem jeito nenhum assim muito sério, para além de ser um pouco distraído e fazer coisas engraçadas. Vou contar-vos duas delas (hoje não quero saber do tamanho do post!):

 – Nós, os seus três filhos mais velhos tínhamos os nossos 8, 9 e 10 anos e, como habitualmente, aos fins-de-semana, tínhamos saído para irmos almoçar fora e dar uma voltinha de carro, lá em Moçambique (na Beira); esses passeios terminavam habitualmente com a ida a uma esplanada comer um “ice-cream” (como lá lhe chamávamos). Nesse dia, o meu pai estava com alguma pressa em terminar o passeio e quando lhe dissémos “e então e o ice-cream?”, fez-se um silêncio repentino no carro. Passados momentos diz o meu pai: “Alexandre, fala!” (Alexandre, o meu irmão, com 8 anitos na altura). Meio atrapalhado sem perceber nada, diz o meu irmão: “Pai?!!”. “Estás rouco. Pronto. Não podes comer gelado”. E assim despachou o final do passeio. Na altura não achámos piada nenhuma, mas agora cada vez que nos lembramos da cena, fartamo-nos de rir às gargalhadas.

– O meu pai (já cá em Portugal) tinha dois pares de sapatos castanhos, uns com uns berloques por cima, outros sem nada a enfeitar. Um belo dia vai na rua, olha para os sapatos e diz: “Eh pa, já perdi os berloques de um sapato!”. Pronto, baixa-se, pega nos berloques que sobravam, arranca-os e manda-os fora, assim já ficava com os dois sapatos iguais. Pensou ele, pois quando chegou a casa descobre um outro par assimétrico: um sapato com berloques e outro sem berloques. Tinha saído com os sapatos trocados, um de cada qualidade e feitio, e não tinha dado conta.

Foram destas coisas que passámos o tal almoço pós-funeral a lembrar e a rir com elas a bom rir. Sinto que “incentivados” por ele.

O terceiro e último falecimento de familiares (ou amigos) mais chegados foi, já na minha fase “matura”, o da minha avozinha. Já vos contei o que aconteceu, por intuição, da última vez que fui vê-la ao lar, pois ela estava a uns duzentos e tal kilómetros de mim. Quando tive a notícia que falecera (aos 82 anos) senti uma certa tranquilidade. Penso que não se deve apenas ao “meu interior” mais tranquilo e em paz de hoje em dia, mas também pela idade em que faleceu ser para nós uma idade “mais natural” para o acontecimento. Eu continuo a sentir que não sei se lidaria bem com o falecimento de um filho meu. O que me leva a pensar se morrer de determinadas formas será assim tão natural ou se o natural será outra realidade que agora não enxergamos.

E para terminar                   😉                      : o que fazemos nós, em ensino doméstico, relativamente à morte? Não sei se todos me percebem, mas quem tem filhos pequenos, muitas vezes passa por indecisões sobre como explicar às crianças o que é isto da morte, quando acontece algo na família (o falecimento de um familiar, de um amigo, de um animal de estimação). No nosso caso com o Alexandre, ainda não aconteceu nada a não ser o falecimento de um gatinho que tivémos era ele, Alexandre, muito pequeno (2 anitos) e não se manifestou sobre o assunto. De modo que nunca me dediquei muito ao assunto. O pai é que começou a utilizar outra palavra para a morte (desencarnar) com o filho, então, ele desde que pequeno que se habituou a pensar que em dada altura da vida o nosso “espírito” desencarna e não mais habita aquele corpo. Eu nem desta palavra gosto muito, confesso (quando ele for mais velho um pouquito explico-lhe a Lei de Lavoisier      🙂              ). Para mim, dizer morrer, falecer, desencarnar, aplico umas e outras conforme a ocasião. Evito é dizer matar, pois como também nos foi recoradado e tão bem explicado algumas vezes nos workshops Renaski^gi há umas quantas palavras com tal energia associada que nos perturbam de facto o equilíbrio e nem percemos porquê. Daí que nós nem dizemos “matar a sede” e sim “saciar a sede” (não é um preciosismo linguístico, confere-nos mesmo outra qualidade de vida, experimentem                 😉             ) e quando o Alexandre descobriu um mata-moscas em casa da avó, lá na terra, ficou a conhecer esse “instrumento” como “espanta-moscas”, que é exactamente o que nós (eu e o pai) fazemos com ele quando o utilizamos, espantamos as moscas. O problema foi quando levámos connosco de férias a nossa vizinha que gosta de brincar com o Alexandre (e ele com ela) e a pequena se desatou a rir à gargalhada com o “espanta-moscas” e disse que aquilo era um “mata-moscas”, mas lá acabou por perceber a explicação que lhe démos (ela sabe que nós somos vegetarianos por respeito à Vida dos animais e pareceu-me na altura que ela percebeu); pareceu-me, pois passados uns dias diz ela para o pequeno, querendo brincar com o “espanta-moscas”: “Alexandre! Bora lá desencarnar moscas?”                                🙂

Pronto, há coisas que… vamos vivendo, é o melhor!                   🙂                 Nós não vivemos isolados, nem o queremos, integrarmo-nos todos harmonicamente, cada um com as suas especificidades, é o nosso desejo!

Ora bem, caros companheiros de leitura desta Colectiva, será que é desta que chegamos ao fim? Ou como não há início nem fim (nada se cria, nada se perde, tudo se transforma), que esta BCFV se vai transformar em algo que vai continuar a ligar-nos de mês a mês? Quero deixar-vos já e agora um grande abraço e o meu agradecimento a todos pelos belos momentos que me têm proporcionado.

Muitos beijinhos, sinceramente grata.

Isabel

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