Olá a todos!
Novamente o mesmo título do post anterior e, para quem não o leu ainda, querendo perceber o que quero dizer com a frase deste título, o melhor é mesmo lê-lo 🙂
Continuando assim com o mesmo tema, hoje vou partilhar algo que me fui apercebendo ao acompanhar o crescimento dos meus filhos.
Porque, de facto, ao ler o que John Holt escreve sobre o que foi anotando e chegando a conclusões pela convivência atenta e amorosa que foi tendo com várias crianças pequenas, revejo muitas dessas características inerentes às crianças em episódios que me lembro de quando as minhas filhas mais velhas eram pequenas e agora com o Alexandre (agora estou mais atenta a certos pormenores por estar mais focada também nestes aspectos!).
Lembro-me que tanto a Catarina como a Celina (e como oiço dizer a muitas minhas amigas mães em relação aos seus filhos) me faziam perguntas muito pertinentes (daquelas para as quais não temos imediatamente resposta e ficamos a pensar:”Como é que eles se lembrararam disto?” ou “Onde é que foram buscar isto?” ou “Porque será que eles pensam isto?”), ainda muito pequenas. Sei que todos os pais têm casos destes, mas ainda assim, é giro lembrarmo-nos de certas perguntas (ou afirmações, frases, episódios) que, às vezes por serem tão sugeneris, nos ficam na memória…
Como esta da Celina, tinha 6 aninhos: “Mãe, porque é que nós não morremos primeiro e nascemos depois e assim ficamos sempre vivos?”
Ela fazia muitas perguntas do género desta, mas desta em especial nunca me esqueço… Quando contava a uma amiga minha e colega de trabalho, que entretanto já se reformou, ela dizia-me : “Tens uma filha filósofa”… Mas o que é facto é que, com as diferentes perguntas que fazem deste género, todas as crianças “são filósofas” e todas as crianças “são cientistas” na sua forma muito própria de “atribuir significado ao mundo” conforme diz John Holt e podem ler no post anterior.
Lembro-me de um outro episódio engraçado, também dessa altura (pena que não anotei todos os que achei piada, pois agora só me lembro de alguns… Em relação ao Alexandre, agora com o blogue e as anotações do Caderno Verde, já preservo um pouco esse “património” tão rico da infância!):
A Celina dizia algumas vezes que quando crescesse queria ser veterinária. Adorava animais, sobretudo gatos e bichinhos pequeninos (andava sempre com caracóis e bichinhos de conta nos bolsos).
Mas tinha também um jeito especial para rimas, ainda sem saber ler ou escrever começou a fazer rimas e até a inventar quadras e eu achava muita piada a essa “habilidade”. Quando começou a ir para a escola (ela é daquelas que entrou para o 1º ano com 5 anos, por fazer anos em Dezembro) não gostava nada de sair de casa de manhã cedo e andava sempre a suspirar pelo fim-de-semana. Um belo dia, andava a Celina no 2º ano, 6 aninhos, a irmã, cinco anos mais velha, depois de ela reiterar que queria ser veterinária, comentou: “Não sei como vais ser veterinária, eles têm que se levantar muito cedo todos os dias para ir para o trabalho tratar dos animais e trabalham ao fim-de-semana e tudo!”. A Celina ficou um pouco pensativa e depois respondeu: “Então já não quero ser veterinária, quero ser poeta!”
Bem, quero dizer-vos que, se se lembrarem de algumas coisas destas engraçadas e interessantes ditas pelas vossas crianças e quiserem partilhá-las aqui no blogue, estejam, por favor, à vontade. Quanto a mim, é muito enriquecedor prestarmos um pouco de atenção a estas perguntas, comentários, afirmações das nossas crianças. Podem partilhar o que sentirem que se enquadra neste espírito deixando aqui um comentário ou, caso tenham “material” para um post, podem enviar-me um texto para o endereço de e-mail associado a este blogue (ver a página “Bem Vindos”) que eu depois publico num próximo post.
Quero ainda partilhar uma observação: ainda durante a escola primária, a Celina continuou a fazer as suas quadras, fez até um “livro de poemas”, mas à medida que foi tendo as aulas de português a partir do 2º ciclo, foi gostando cada vez menos de português e aos poucos, mesmo sendo incentivada em casa, foi deixando de fazer as quadras. Lembro-me que houve uma professora dela no 5º ano, embora professora de inglês, sendo directora de turma e coordenando um jornal de turma, “publicou” umas quadras dela (e outros trabalhos de outros meninos, claro) nesse jornal, mas os seus professores de português nunca “aproveitaram” esse interesse dela (que, segundo o que se tornou óbvio, seria “o fio” que a manteria entusiasmada pelo estudo da língua portuguesa).
Evidentemente, com o sistema escolar que temos, é muito difícil qualquer professor aproveitar os interesses e habilidades de cada um dos alunos para assim os manter entusiasmados nos mais diversos temas. Esta minha observação não tem qualquer pretensão em desvalorizar o trabalho dos professores e sim, percebermos um pouco o que podemos nós, pais, fazer em relação aos diversos interesses dos nossos filhos que os levam ao natural conhecimento de muitos assuntos e matérias (o que se torna muito mais fácil para os pais que optam pelo ensino doméstico).
Bem, até para a semana, dia 2 de Fevereiro, Quarto Crescente! Uns belos dias para todos!
Caderno Verde
Já entraste dentro de ti?
Aproveitando o tema acima, no final do último Verão, tinha o Alexandre feito os cinco anos há pouco, estava a brincar com uma amiguinha com quem brinca frequentemente e de repente ouço-o fazer-lhe esta pergunta:
“M., já entraste dentro de ti?”
Ela respondeu que não e retorquiu “E tu? Já entraste?”, ao que ele respondeu: “Não, só estive ainda dentro da minha mamã, antes de nascer, mas podemos fazer uma viagem dentro do nosso corpo e ver todas as coisas cá dentro! Eu quero fazer isso!”
Ele ainda não viu aquele série francesa de desenhos animados que eu achava muito gira em que se viaja por dentro do corpo humano, mas talvez porque tem visto alguns livros sobre o corpo humano (ele gosta do tema) e também se interessa por viagens deve ter imaginado algo do género. Temos que ver se encontramos os dvds dessa série, pois é muito interessante e educativa e pelos vistos ele vai gostar…