Bom dia a todos!
A convite da Rute do Publicar Para Partilhar, inicio hoje a minha participação na Teia Ambiental.
Como pequena introdução ao tema que trago hoje para a Teia, a Especulação, quero dizer-vos que estas minhas primeiras participações aos dias 7 do mês, serão um conjunto de vários temas que parecem pouco ter a ver com poluição ambiental. Vou experimentar partilhar o que, para mim, têm de influência directa nas várias formas que engendrámos de poluir o Planeta.
Sinceramente, não sei se vou conseguir passar-vos o que sei e sinto quanto ao assunto, vou aventurar-me, pois considero-o importante e que de alguma forma possa ajudar-nos a que, mais eficientemente, a minha avó diria, “cortemos o mal pela raíz”, eu prefiro deixar o bem e o mal para os teólogos e digo, “de alguma forma possa ajudar-nos a que, mais eficientemente, deixemos de praticar actos poluidores que prejudicam o ambiente desta nossa casa (ou nave!) que é este planeta que nos vai fazendo girar e viajar pelo Universo”.
Especulação e Poluição, na Teia Ambiental
Eu exerço uma profissão como engenheira civil numa câmara municipal. Um belo dia, há uns 10 a 12 anos atrás, estava eu a inteirar-me de como decorriam as obras de urbanização, numa urbanização, quando se acerca de mim um dos donos da obra e me pergunta: “A engenheira não quer comprar aqui um lotezinho?”. Alguns dos lotes já possuíam construção iniciada, outros não. A minha área é (maioritariamente, porque trabalho também noutras) a das infraestruturas e tinha-me deslocado lá precisamente porque as obras de infraestruturas (arruamentos, esgotos, abastecimento de água, electricidade, telecomunicações, espaços verdes) estavam em atraso (um atraso beeeeeeemmmmm graaannnnndeeee) e eu precisava de apurar exactamente a quantidade, o volume de trabalhos ainda em falta, converter isso para escudos, $ (pois, na altura ainda eram escudos e não euros) para além de ir verificar a dimensão de um problema de ligações de esgoto clandestinas (de outro bairro confinante) para o terreno, que estava a atrasar a obra, diziam os promotores.
Com uma certa irreverência que às vezes me é característica (tenho andado a transformar isso em mim em algo mais construtivo, esse tom por vezes irreverente já me causou alguns dissabores no trabalho, para além de que considero que quando sou um bocadinho trocista ou sarcástica, estou de alguma forma a desprezar o outro, a ser moralista por pensar ser detentora da verdade e a fazer o que tantas vezes vejo que os outros não devem fazer), respondi-lhe “Comprar um lotezinho? Aqui? Com todos os problemas que eu sei que esta obra tem tido? Ainda por cima nem querem executar os trabalhos nos espaços verdes, andam sempre a descartar-se, vocês sabem que os espaços verdes são muito importantes numa urbanização, sobretudo para quem tem crianças, como eu!” (bem, como se eu tivesse dinheiro para comprar um lotezinho…). O homem primeiro ainda tentou: “Ah! Mas isto é um bom sítio, a localização é boa, tem já a escola ali à frente, estamos perto da auto-estrada e temos uma boa vista, pois estamos aqui num alto…”. Mas ao olhar para a minha cara, desata a desculpar-se e começa o choradinho do dinheiro. “Sabe, é que eu já cheguei aqui tarde, está a ver todos estes lotes (eram para aí uns 30 a 40 e tal lotes, já não sei precisar, posso ir confirmar ainda sei qual é o número daquele alvará de loteamento), primeiro foram vendidos ao preço da chuva, só que isto funciona assim: os primeiros compradores são aqueles que querem investir pouco e ganhar algum, então compram alguns lotes e vendem-nos logo a seguir e ganham uns milhares de contos, ainda assim. Depois os próximos vendem-nos de novo, com uma margem um bocadinho mais pequena e só à terceira ou quarta vez é que são vendidos a quem vai construir no lote o edifício (às vezes moradia) e pronto, estes lucros todos são suportados pelo comprador de cada apartamento. Nós, os construtores, temos muito trabalho e riscos com isto e já não temos assim tanto lucro”, continuou a chorar-se.
Eu fiquei estupefacta. Palavra que até à data não tinha sequer noção desta “realidade virtual” que o homem me descrevera. E que depois confirmei ser verdade, outros me explicaram que era assim que funcionava, a rotularem-me de ingénua, claro, “como é que pensavas que qualquer apartamentozeco chegue a valer 40.000, 50.000 contos? (hoje: 200.000, 250.000 €). Faz lá as contas aos custos reais e vais ver que nem metade, nem um quarto, valem”.
Pura especulação.
Parece-me que daqui já não vai ser preciso dizer-vos qual a influência directa que eu vejo disto na poluição. A poluição tem raízes muito fundas, muito mais para trás do acto de deitar lixo no chão, vazar entulhos, queimar matas e florestas (que sabemos que muitas delas são queimadas para que deixem depois que seja possível construir nesses locais). E, sinceramente, eu separo lixo, vou reutilizando, reciclando, refreio o consumo, sou vegetariana e tenho assumido mais algumas práticas que possam reduzir um pouco a minha “pegada ecológica”, mas sei que nem que a maioria faça algo do género irá adiantar de muito, será uma gotinha muito pequena, pois as verdadeiras causas do estado poluído do planeta são outras. Teremos que dar outros passos que agora parecem gigantescos.
Um deles, quanto a mim, será este de pararmos com a especulação. Não só na área da construção civil, como é lógico e sim toda e qualquer especulação, a especulação financeira, os juros cobrados por dinheiro inventado, que não existe, virtual. A forma como os bancos funcionam. E este é um passo que todos dirão ser impossível de dar, tamanha é a teia que está aqui tecida. Ou então não concordarão ser necessário, enredados na teia como estamos (outra teia, que não esta ambiental 🙂 ).
Já vi algures na net um vídeo a explicar como funcionam os bancos. Isto não é novidade para vós (nem o que estou para aqui a dizer também será novidade, a não ser a minha experiência directa, a que contei, pois ainda não a tinha contado publicamente, a forma como me apercebi de como funciona a especulação, na prática). David Icke, no seu livro “Eu Sou Eu, Eu Sou Livre _ o guia para os robôs obterem liberdade”, explica também detalhadamente a espertalhice da cobrança de juros por emprestarem dinheiro que só virtualmente existe. Os bancos “têm permissão legal” para emprestar muito mais dinheiro do que o dinheiro que realmente têm. E cobrar juros por isso. (Nota interessante: David chegou a pertencer ao partido “Os Verdes”, no Reino Unido).
Vou citá-lo, em relação ao que escreveu sobre o assunto, no livro que referi:
“Pergunta às pessoas à tua volta porque não dizem ou fazem aquilo que realmente pensam estar correcto e a resposta será uma: medo. Uma das maiores razões desse medo é a necessidade de ganhar dinheiro para viver.”
“Se se conseguir inflaccionar artificialmente os custos básicos da vida, como comida, aquecimento, roupas e abrigo, pressiona-se as pessoas a servir o sistema e a ganhar dinheiro para suprir essas necessidades básicas. Quanto menos for preciso ganhar, mais escolhas terás para viveres a vida como quiseres. Quanto mais precisares de ganhar, mais limitadas serão as tuas escolhas. Este esquema é baseado na maior aldrabice de todas _ o pagamento de juros sobre dinheiro que não existe”.
Entretanto explica como funciona o empréstimo bancário.
E continua: “O sistema bancário é uma das mais destrutivas actividades criminais do planeta. As pessoas que cultivam comida e produzem as necessidades da vida estão afogadas em dívidas e são muitas vezes levadas à falência por pessoas que apenas inserem números num computador, cobrando-lhes juros de seguida. Estão em circulação fantásticas somas de “dinheiro”, sob a forma de cheques e créditos de várias espécies, mas menos de 10% deste dinheiro existe sob a forma de notas e moedas. Mais de 90% não existe. O sistema está completamente falido e só funciona porque as pessoas estão condicionadas a aceitar cheques e cartões de crédito como “dinheiro” quando, de facto, isso não é mais do que a entrada de alguns números num computador, sem qualquer suporte”.
E continua a explicar que quando ouvimos que a inflacção existe porque os governos imprimem demasiado dinheiro não é assim, pois não imprimem é o suficiente e o modo como são controlados “os bons tempos” económicos e “os maus tempos” económicos e como ao comprarmos um produto numa loja o preço estar já gigantescamente inflaccionado, quando comparado ao preço que teria sem toda uma máquina por detrás, porque cada estágio do processo de produção está a servir os juros de dinheiro que não existe.
Continua:
“Apesar da loucura óbvia deste roubo legalizado, as nossas mentes ainda estão condicionadas a acreditar que cobrar juros por dinheiro que não existe é essencial, e sem isso a economia mundial iria colapsar. Não é assim”.
(…)
“Responde-me a isto: o que aconteceria se, em vez de pedirmos emprestado dinheiro inexistente ao sistema bancário privado, os nossos governos imprimissem dinheiro em quantidade suficiente e livre de juros, e o emprestassem às pessoas com uma taxa de juro reduzida, para cobrir taxas administrativas? Já não seríamos capazes de comprar tudo o que precisássemos? Claro que seríamos e com maior facilidade, já que o custo de tudo baixaria.”
(…)
“O dinheiro tornar-se-ia naquilo para que foi inventado: um meio de troca de contribuições dentro da comunidade, que supre algumas das nossas carências em produtos e serviços (bold meu). É apenas quando há juros sobre o dinheiro que este se torna num mecanismo de controlo, usado com os efeitos devastadores a que hoje assistimos.”
E mais à frente (e para terminar as citações):
“Não existe motivo pelo qual não possamos ter dinheiro livre de juros. Só falta a vontade para que isso aconteça, porque os políticos que poderiam derrubar este sistema estão a ser controlados e manipulados pelas mesmas pessoas que detêm os bancos do mundo, (…)”
“Repara só nos diferentes partidos políticos no teu país. Quantos propõem acabar com o sistema de juros caso sejam eleitos? Nenhum? Obrigado. E agora sabes porquê.
Dois presidentes dos Estados Unidos da América propuseram imprimir dinheiro livre de juros e começaram a introduzir a medida. Um foi Abraham Lincoln e o outro foi John F. Kennedy. Sabes o que mais têm estas duas figuras em comum?”.
Para o que quero transmitir, chega, por hoje. Quero apenas salientar porque coloquei a bold “o dinheiro tornar-se naquilo para o que foi inventado…”. Pois que o “coitado” tem sido o nosso bode expiatório, “o dinheiro é a raiz de todos os males” e coisas que tais. Para o amarmos um bocadinho e o limparmos das culpas com que o temos andado a sobrecarregar (o dinheiro pode ser simplesmente uma energia de troca, tal como em tempos usámos o sal e outras “formas de energia”, em vez de o usarmos “para poluir o planeta”), vou partilhar convosco este artigo sobre a relação entre cada um de nós e o dinheiro, escrito por Robiyn e publicado na revista “Saber”, na Madeira (o artigo publicado compreende apenas uma pequena parte do que o Robiyn costuma transmitir nos seus workshops sobre o tema).
E para além dessa “limpeza de energia” que podemos fazer sobre o dinheiro, libertando-o da carga negativa a que o associámos (limpeza ecológica, também…), que mais pode fazer um cidadão comum quanto ao terminarmos de especular e/ou alimentarmos a especulação? Não sei, cada um saberá de si. Eu comecei com uns pequenos passos: com a ajuda da minha sogra, terminar com o meu empréstimo do carro, que já andava a pagar há 3 anos e ainda me faltavam mais 4 _ no total iria pagar o dobro do “dinheiro” que pedi emprestado ao banco, que tinha sido sensivelmente metade do preço do carro; o dinheiro que usava no pagamento dessa prestação é agora canalizado para amortizar o empréstimo da casa; quero também deixar de usar o cartão de crédito (bem, tenho-o usado, mas sem pagar juros, mas mesmo assim, quero deixar de o usar totalmente) e os outros ships electrónicos que usamos para as transacções financeiras; não tenciono contrair mais algum empréstimo bancário; não tenho acções, não jogo na bolsa, não tenho qualquer depósito a prazo. Para já, é o que já pus em prática e o que já me decidi a fazer. Falta muito, ainda!
Até um novo dia 7, aqui na Teia Ambiental. Até lá, continuarei com os posts habituais d’A Escola É Bela.
Grata a todos, um grande abraço.
Isabel