Archive for Outubro 15, 2011

Colectiva Fases da Vida _ 8ª Fase_ Vida para além…

Vivam! Bom dia!

E cá estamos de volta a esta colectiva Fases da Vida, hoje a 8ª fase  (a última)_ Vida para além… (da Morte), proposta pela Rute do Publicar para Partilhar. (E aqui o link para a participação da Rute, de hoje, onde podem também aceder a todas as participações)

Não sei bem como vos transmitir o que sinto em relação a este tema. Como para mim, tal como disse na fase anterior, as mortes não são mortes nem “passagens”, e sim transformações, diria que o título com as reticências que a Rute utilizou, “Vida Para Além…”, vai servir perfeitamente para a minha participação de hoje que, no lugar de a intitular de “Vida para além da morte”, vou chamar de

 “Vida para além da vida como habitualmente a conhecemos”.

Quando ainda fervilhavam na minha cabeça ideias sobre vida para além da morte, reencarnação e outras afins, um dia fiz um trato com a minha sogra do momento que na altura tinha já uns 80 anos (e com quem me dava muito bem):

“M., vamos combinar que um dia, quando falecer, vem mesmo visitar-me, para eu a ver e ter a certeza de como é que é?”

Vocês podem não acreditar, mas fizémos mesmo esta combinação, na altura tinha eu uns 30 aninhos (hoje tenho 46).

Uma colega minha de trabalho (e amiga) chama a “posturas na vida” do género desta minha (a da combinação que fiz com a M. e, por exemplo, uma outra situação que foi quando estava a ter a minha primeira filha, aos 21 anos, estar de cabeça levantada para ver como é que o médico fazia o parto e como é que era a placenta) de “curiosidade científica”. Ela usa esta expressão muitas vezes e com uma certa piada…                              🙂

Eu não me considero ser de “espírito científico”, mais de “espírito naturalista”, e ainda assim, não exactamente.

Resultado desta combinação: depois da M. falecer (uns 5 ou 6 anos depois dessa combinação) nunca tive nenhuma visita sua da forma como na altura eu esperava vir a ter (que era ela vir ter comigo, tipo fantasma, e conversarmos as duas).

Entretanto foi-se consolidando a minha percepção de não existir a morte como nós pensamos existir, precisamente porque a Vida não é bem o que pensamos que é e sim algo muito mais amplo, ou melhor, Tudo é Vida (já vos contei o meu percurso nas outras fases da vida desta colectiva).

Na prática, isto significa que andamos lentamente a redescobrir (se calhar agora, nestes últimos anos, acelerámos na redescoberta) que nós, seres humanos, somos algo mais que o nosso “corpo físico” (perdoem-me as aspas, é que para mim, tudo é físico, a energia é física, ou então tudo é espiritual, o que quero dizer é que não existe diferença entre físico e espiritual, pois tudo é uma mesma e única energia e o dizermos que espiritual é melhor que físico/material ou vice-versa é um pouco treta, bem que podem ter sido conceitos inventados por quem gosta de dividir para reinar e andamos para aqui uns contra os outros, materialistas contra espiritualistas e vice-versa, ciência contra religião, muçulmanos contra cristãos, católicos contra protestantes, “direita” contra “esquerda”, “verdes” contra “encarnados”…) e mesmo o nosso “corpo físico” é dotado de capacidades que deixámos adormecer (tais como as que denominámos de telepatia, psicometria, clarividência, bilocação, levitação, teletransporte, longevidade e mil e duas outras que ainda nem desconfiamos ter). E andamos também a redescobrir que os outros “seres vivos-não humanos” , também são algo mais que a classificação à qual os remetemos e mesmo os “não-seres vivos”, como as rochas, por exemplo, “se calhar” até são vivos!

E então, voltando ao tema, para mim não existe vida para além da morte, porque nós não morremos, transformamo-nos (já houve alguém que disse que a única constante é a mudança). Para mim existe, sim, vida para além da vida que nós conhecemos e costumamos chamar de vida.

Desta forma, tive sim algumas experiências (de telepatia ou sei lá que nome dar-lhe (comunicação, talvez!)) com seres “falecidos” e outros (com o meu pai, um tio, a minha avó, filhos, amigos, plantas, animais), experiências essas que vieram “satisfazer” a minha “curiosidade científica”.

Vou contar-vos uma dessas experiências, uma muito simples e que, pelas pessoas que envolve, posso contar-vos (muitas outras teria que perguntar aos seres envolvidos se poderia torná-las públicas):

Um belo dia (andava eu às voltas sem saber que mais fazer em relação à minha mãe cujos problemas de saúde se tinham ultimamente agravado mais ainda e a par de uma sua tristeza profunda e falta de vontade e energia para poder por si própria mudar alguma coisa), resolvi fazer um “exercício de telepatia” com ela (ou de comunicação a outro nível, não importa o que lhe chamemos), tal como os que o Robiyn nos passou nos seus workshops. Há vários passos, no exercício, que não vou detalhar (o Robiyn tem estes “exercícios” gravados em CD, podem-se adquirir e o ponto é que, fora do contexto da explicação que ele dá, não adianta de muito fazê-los, “seguir uma receita”), basicamente entramos em sintonia com quem a pessoa realmente é, à parte as ilusões em que vive/vivemos, e comunicamos assim com ela.

Uso algumas vezes fazer estes “exercícios” (já usei mais), sobretudo quando existe algum problema entre mim e alguém que não estou a resolver ou quando não tenho a certeza do que fazer. São como ferramentas das quais não necessitaria se verdadeiramente vivesse com o coração e com entrega, estando presente em tudo o que faço, digo, etc. (vivendo nesse estado de graça/gratidão, sabemos sempre o que fazer); como nem sempre vivo assim, vou usando estas ferramentas (e outras) auxiliares sempre que vejo necessidade.

Conversei então desse modo com a minha mãe e no final “chamei” uma outra pessoa, a minha avó, sua mãe (já “falecida”), para nos dar às duas umas dicas em relação ao que estávamos a conversar (faz parte do “exercício”, caso queiramos, chamar algum outro ser, “falecido” ou não, pode ser uma criança, mesmo_ as crianças são as que sabem melhor da Vida).

(a minha avó materna, já coloquei aqui no blog, uma vez, esta foto…)

Instantaneamente a minha avó apareceu e deu-me uma receita (umas instruções, uns conselhos, umas dicas, o que quisermos chamar) e a minha mente logo se intrometeu no “exercício” (porque andava cansada ou sei lá) com as suas dúvidas (não sei porquê, pois já fizera tantos “exercícios” destes e todos “deram certo”) e automaticamente pensei: “que resposta rápida, a da minha avó, não pode ser, lá ando eu a misturar realidade com imaginação, isto que ela “me disse” devo ser eu a projectar o que, inconscientemente, queria ouvir…”

Logo, logo, “oiço” a minha avó dizer-me “Se estás com dúvidas, filha, assim que chegares a casa vai à caixa do correio”.

“À caixa do correio?”, pergunto incrédula, “Porquê? O que está lá?”

“Não te digo mais nada, chega a casa e vai ver a caixa do correio”.

Contei logo isto a uma amiga minha, íntima e que está sempre a par de muito do que se passa comigo, mesmo antes de chegar a casa e ir à caixa do correio.

Quando cheguei a casa,  abri a caixa do correio e tinha efectivamente uma carta. Da minha mãe. Não tinha sabido antes que ela me escrevera, embora ela volta e meia me escreva postais, às vezes cartas e me mande poemas feitos por ela. Abri e li e até me arrepiei toda. Desta vez não me mandava um poema feito por ela, mas sim a letra de uma canção (de um fado) e se bem que ela saiba que eu não gosto de fados (quase todos são tristes e eu sou geralmente uma pessoa alegre e construtiva), sabe que eu gosto de poesia. Este fado é uma poesia. E ela gosta de fados, deve ter-lhe apetecido enviar-me este:

Balada para Uma Velhinha (por cá, já foi cantado por alguns fadistas, mas a minha mãe gosta mais de o ouvir cantado pelo Carlos do Carmo)

Num banco de jardim uma velhinha
está tão só com a sombrinha
que é o seu pano de fundo.
Num banco de jardim uma velhinha
está sozinha, não há coisa
mais triste neste mundo.
E apenas faz ternura, não faz pena,
não faz dó,
pois tem no rosto um resto de frescura.
Já coseu alpergatas e
bandeiras verdadeiras.
Amargou a pobreza até ao fundo.
Dos ossos fez as mesas e as cadeiras,
as maneiras
que a fazem estar sentada sobre o mundo.
Neste jardim
É ela a  trepadeira das canseiras
das rugas onde o tempo
é mais profundo.
Num banco de jardim uma velhinha
nunca mais estará sozinha,
o futuro está com ela,
e abrindo ao sol o negro da
sombrinha poidinha,
o sol vem namorá-la da janela.
Se essa velhinha fosse
a mãe que eu quero,
a mãe que eu tinha,
não havia no mundo outra mais bela.
Num banco de jardim uma velhinha
faz desenhos nas pedrinhas
que, afinal, são como eu.
Sabe que as dores que tem também são minhas,
são moinhas do filho a desbravar que Deus lhe deu.
E, em volta do seu banco, os
malmequeres e as andorinhas
provam que a minha mãe nunca morreu.

Mania a minha de duvidar, quando já tive tantas vezes as comprovações que queria e quando sei que uma só dúvida faz desmoronar tudo o que construímos tal como basta uma única agulha para furar instantaneamente um balão que levou o seu tempo a enchermos (como o Robiyn costuma ilustrar este “fenómeno” de duvidarmos até de nós próprios).

Uma curiosidade: a minha mãe, entretanto (com ajudas!), solucionou esse problema grave e tem estado bem melhor.

Resta-me agradecer a todos os seres que têm convivido comigo e a Tudo o que existe, grata por existirmos (vivos ou “mortos”    😉      )!

E às pequenas que levaram para a frente esta colectiva, Rute, Rosélia e Regina, o meu focalizado (e sentido!) agradecimento.

Beijinhos a todos, até ao próximo post, aqui n’A Escola É Bela, que ontem completou 3 aninhos de existência.

(esta foi o Alexandre _ meu filho em ensino doméstico_ que tirou à sua mamã)

Isabel

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